Foto: Divulgação/Garotas de Vidro |
Título: Garotas de Vidro
Autor: Laurie Halse Anderson
Editora: Novo Conceito
Editora: Novo Conceito
Páginas: 272
Avaliação:★★★★
Garotas de Vidro é escrito em forma de
diário por Lia, uma garota de 18 anos que está em constante conflito com seu
peso, ela possui distúrbios alimentares, conta a caloria de todos os alimentos,
se pune quando come demais e constantemente chama a si mesma de estúpida e
feia.
O livro começa quando Lia descobre que Cassie, sua ex-melhor amiga, foi
encontrada morta em um quarto de hotel. Lia não sabe o motivo da morte de
Cassie, mas a garota ligou 33 vezes para ela, 33 ligações pedindo ajuda, o que deixa Lia completamente abalada.
Cassie também possuía distúrbios alimentares,
no inicio não sabemos o que afastou as duas, mas aos poucos descobrimos detalhes
do relacionamento delas e nos aprofundamos em suas doenças e angústias,
descobrindo também como a amizade entre elas começou.
Com a morte de Cassie, os pais de Lia ficam preocupados que a filha
tenha uma recaída, já que ela voltou recentemente de uma internação e no
passado elas eram muito unidas. Morando com o pai devido à atritos que ela
teve com a mãe, a madrasta pesa Lia para controlar seu peso e eles tentam vigiá-la,
mas como toda a história é contada por Lia, vemos que ela consegue burlar até
mesmo a pesagem.
"Mordi, mastiguei, engoli dia após dia, e menti, menti, menti (Quem quer se recuperar? Levei anos para chegar aquele peso. Eu não estava doente; eu estava forte)"
Assustada e lutando com seus inúmeros fantasmas, a garota vive em
constante frustração, ela não sabe como Carrie morreu, seus pais são ausentes e
ela não reconhece mais o que é realidade e o que é mentira.
À beira de um precipício e obcecada por
magreza, ela se olha no espelho e se vê sempre gorda e feia, mesmo que a
maioria dos seus ossos esteja aparecendo. Sempre que está com fome se chama de
estupida e se corta buscando alívio para a dor.
"Eu sei que sou eu, mas não sou eu, não de verdade. Não sei como sou. Não consigo lembrar como é que a gente faz para parecer alguma coisa."
Esse não é um livro leve, ele toca em temas
muito pesados como automutilação e suicídio, além dos distúrbios alimentares.
É doloroso e real.
Eu fiquei angustiada, em muitos momentos me senti mal, senti as
angustias, os sentimentos e o desespero de Lia, eu tive uma sensação de impotência
por não poder ajuda-la e por pensar em quantas garotas podem estar passando por
algo parecido.
A autora foi muito inteligente, habilidosa e
expôs o tema de forma verdadeira, que nos incomoda, nos deixa tensos e nos faz
um alerta muito importante.
Apesar de ser um livro pesado a leitura é fácil, li bem rápido e fiquei
impressionada com o que a autora me fez sentir e o quanto me trouxe reflexões.
Acredito que nem todas as pessoas vão gostar, muitas pessoas podem se sentir
desconfortáveis, mas pra mim foi uma experiência única pois o livro nos mostra não
só a visão que a personagem tem do próprio corpo, que não é muito diferente do
modo como muitas pessoas se veem, mas também como as pessoas enxergam Lia, os
garotos como se ela estivesse morta e as meninas com inveja.
É um livro que mexeu comigo, que me fez pensar muito e que indico principalmente
para os jovens, porque ele nos aprofunda em um assunto que é pouco discutido e
nos faz ter uma visão diferente.
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