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Resenha: Canção de Ninar ♥ Leila Slimani

12 dezembro 2018

Foto: Divulgação livro A Canção de Ninar
tulo: Cancão de Ninar
Autor: Leila Slimani
Editora: Tusquets Editores
Páginas: 192


   Myriam decide que precisa voltar a trabalhar, principalmente porque percebe que não está satisfeita com sua vida, cansada de ser dona de casa, mãe e não ser valorizada por isso, ela decide retomar sua carreira de advogada depois de anos de dedicação exclusiva à família. Para isso ela precisa de alguém para cuidar dos filhos Adam e Mila e junto ao marido começa uma busca rigorosa para encontrar uma boa babá.

    Assim que entrevista Louise, Myriam sente uma afinidade com ela, ela é discreta, educada, boa com as crianças e o que começa com uma relação promissora logo se torna uma relação de dependência que acaba em uma tragédia, uma tragédia anunciada no prólogo e que nos deixa em choque.
"O bebê está morto"

   O interessante desse livro é que sabemos exatamente o que vai acontecer e o mistério não se encontra na descoberta, mas no porquê aconteceu. Como uma babá dedicada assassina duas crianças brutalmente? O que há por trás desse assassinato? 

   Narrado em terceira pessoa, a assassina é o foco da narrativa. Louise é uma mulher dedicada, encantadora, prestativa e ainda cozinha e arruma a casa, se tornando em pouco tempo indispensável para a família e conquistando não apenas as crianças, mas os patrões também. 

   A babá nunca reclama quando precisa ficar um pouco mais tarde, ela é amorosa com as crianças, tem muita energia para brincar com elas e ocupa um espaço cada vez maior na família, o que começa a deixar Myriam incomodada com o fato de estar perdendo o controle da própria casa, Louise é perfeita, perfeita demais.

   Mas como essa mulher amorosa e leal no final acaba destruindo a família que ela aparentemente ama?

    Canção de Ninar é um livro intenso, a escrita de Leila Slimani é fascinante, do tipo que prende do início ao fim, além de trazer muitas reflexões, principalmente sobre o papel de mulher na sociedade e o quanto somos pressionadas para sermos perfeitas, exímias donas de casa e mães exemplares, mas o quanto esses papeis não possuem valor social e o quanto somos julgadas por deixarmos nossos filhos na responsabilidade de outras pessoas para o que quer que seja.

   Faz-nos pensar também nas pessoas que empregamos, será que tratamos essas pessoas como seres humanos? Ou estamos tratando essas pessoas como máquinas e esperando que elas nunca falhem, fiquem doentes ou nos desapontem? O livro mostra os preconceitos de classes e entre culturas de forma clara, nos fazendo refletir sobre isso também.

   Louise sempre trabalhou para os outros, sempre cuidando de várias crianças, buscando agradar os patrões, ser a babá perfeita, mas não foi mãe para a própria filha, ela é uma mulher cheia de cicatrizes e sozinha, ela se importa com os outros, mas não tem quem se importe com ela e mergulhamos na sua vida, nessa solidão e em seus conflitos.

   Talvez o que mais tenha gostado, além da escrita da autora que realmente me encantou, foi o fato do livro ter a mulher como verdadeira protagonista, os desafios, as cobranças, as dores. É um livro cheio de tensão, angustiante de certa forma e que me trouxe outras percepções, com certeza não terminei essa leitura como comecei e é incrível quando um livro mexe conosco dessa maneira.


2 comentários

  1. Li esse livro no início do mês e achei bem intrigante, gostei bastante das mensagens que ele traz!

    http://www.submersaempalavras.com/

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  2. Oi Andy!!
    Esse livro parece sensacional. Eu já tinha visto ele por aí, mas não tinha parado para ler nem a sinopse. Através de sua resenha acabei ficando bastante interessada e já o inclui na minha lista de próximas leituras.
    Bjs
    https://almde50tons.wordpress.com/

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@Andy_vieira88

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