Resenha: O menino que desenhava monstros ♥ Keith Donohue

Foto: Retirada da Internet

Título: O Menino que Desenhava Monstros

Autor: Keith Donohue
Editora: Darkside
Páginas: 256 

” Ultimamente, os monstros vinham persegui-lo dentro dos sonhos. Eles pousavam a mão em seus ombros. Sussurravam em seus ouvidos enquanto ele dormia…”

   Jack Peter, ou Jip, tem dez anos e possui a Síndrome de Asperger, considerado um caso leve de autismo, mas seu quadro se agravou quando ele quase se afogou e adquiriu Agorafobia (medo de espaços abertos), desde então Jack não sai de casa, exceto para visitas esporádicas ao medico que são sempre uma tormenta para os pais e o menino.

   O garoto vive recluso, seu pai, Tim, está sempre com ele em casa, deixando Jip raramente sozinho, enquanto sua mãe, Holly, trabalha como advogada e o livro conta o dia a dia dessa família, sendo que temos o ponto de vista de Jip, dos pais e do suposto melhor amigo, Nick, único garoto que ainda o visita e brinca com ele.

   A mãe de Jack percebe que ele está cada vez pior, ele tem se tornado mais violento e ela tem medo do que pode acontecer, um medo que se agrava quando ela tenta acordar o filho e leva um soco no rosto. Ela tenta falar com o marido, não consegue mais lidar com a situação, mas Tim não quer aceitar que o filho está pior e não acredita que a melhor opção é colocar o garoto em alguma instituição como ela deseja.

   Desde o inicio percebemos que a mãe já não tem mais esperanças em relação ao filho,o garoto a perturba e ela fica aterrorizada, já o pai simplesmente não aceita a condição do filho e não quer enxergar nenhum sinal de piora.

   Jack é um garoto inteligente, possui algumas obsessões que mudam conforme ele se cansa delas, atualmente essa obsessão é desenhar monstros, desenhos incrivelmente nítidos e bem feitos. Os pais acreditam que é apenas mais uma fase e não dão importância aos desenhos, mas enquanto o garoto está imerso em suas ilustrações, as pessoas a sua volta começam a ouvir vozes, ter pesadelos e ver criaturas que não poderiam ser reais, ou podem?

” – Podíamos acender a luz – disse Tim

– Ficou maluco? E deixar que o que quer que esteja lá fora nos veja?

– Não há nada lá fora. É um vendaval. Uma frente fria se deslocando.

– Como poderia ser o vento? O vento por acaso mexe em maçanetas? O vento dá batidinhas nas janelas da cozinha? Alguma coisa está tentando entrar, Tim. Eu escuto isso o tempo todo.”

   Os personagens são bem construídos, algumas pessoas dizem que o inicio foi cansativo mas foi uma história que me prendeu desde o principio, o suspense é inserido aos poucos e a ambientação da história me encantou. Não é um livro que vai te deixar apavorado, mas é um livro que te fará pensar e que te deixará imerso em seus próprios fantasmas e medos. Eu, particularmente, gosto desse tipo de terror.

   É um livro com um grande drama familiar, há muitos fantasmas do passado, traições, discussões, segredos. Inclusive, Jack é um personagem intrigante e mergulhamos em sua mente de forma tensa, angustiante. Nick, o amigo de Jip é uma incógnita, ele vai na casa de Jack mas deixa claro em muitos momentos o quanto o garoto o irrita e que há algo no passado, principalmente no acidente, que eles não revelaram, um segredo em comum.

   A mãe de Jack varia entre amar o filho e uma raiva estranha por não poder ser a mãe que gostaria de ser e não ter o filho que queria. O pai tem mais paciência com Jack, ele tem esperança, quer fazer de tudo para que essa doença suma e ele possa conviver melhor com ele. Percebemos que o casal não é feliz, há algo que impedi que eles estejam ligados e sim, há mais segredos do que imaginamos a principio, aliás, segredo é o que não falta nesse livro.

   O final foi algo que eu não poderia imaginar, não sabia se gostava ou não, se tinha entendido ou não, me pegou completamente desprevenida e foi uma grande sacada do autor e num todo foi um livro que me surpreendeu, com uma escrita que me prendeu e sugiro que insistam caso achem o inicio lento e confuso, podem se surpreender e amar essa história.

Andy Vieira